Plano
de aula não presencial EE
Rodrigues Alves |
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Professor: Cláudio |
Disciplina: Eletiva – Geografia do Futebol |
Classes:6º B |
Data: 26 a 29 de outubro. |
Objetivo da aula: Analisar os riscos trazidos pelo
retorno do futebol devido à Covid – 19. |
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Habilidade da aula: Compreender as
possíveis implicações econômica, emocionais e físicas trazidas pelo retorno
dos campeonatos de futebol. |
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Conteúdo
da aula: Artigo |
90 minutos de silêncio: futebol e Brasil
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Roteiro da
atividade: A partir da
leitura do artigo responda: quais os principais problemas trazidos pela
retomada do futebol em relação à ausência de público e à questão da pandemia?
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Informações adicionais sobre a elaboração e entrega das
atividades: Vídeos complementares na página do facebook Virtua
professor Claudio - @claudioteacher |
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Data da entrega: 02 de novembro. |
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E mail onde o aluno deverá entregar a atividade: claudiogoncalves@professor.educacao.sp.gov.br |
Artigo | 90 minutos de
silêncio: futebol e Brasil
"Além de
arquibancadas, milhares de famílias terão de conviver com outros espaços vazios
em suas vidas", diz pesquisador
Miguel Stédile
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
07 de setembro de 2020
No Estádio Nacional do Chile,
em Santiago, uma parte das arquibancadas permanece sempre vazia. Batizada como
“tribuna viva”, homenageia os mortos, desaparecidos e torturados naquele
estádio durante a ditadura comandada por Augusto Pinochet (1973-1990). A
arquibancada vazia está ali para que os chilenos não se esqueçam e para que não
se repita. Aqui no Brasil, os jogos de futebol também têm tido o testemunho de
arquibancadas vazias, mas, neste caso, para que esqueçamos os mais de 126 mil brasileiros e
brasileiras mortos e para que esta tragédia se repita
a cada dia. No último final de semana, o Campeonato Brasileiro
completou sua oitava rodada. Antes dele, os principais campeonatos estaduais do
país concluíram suas disputas, interrompidas em março pela emergência da pandemia.
Apenas Roraima, Piauí, Tocantins, Mato grosso do Sul e Goiás ainda não
concluíram seus campeonatos. A Copa do Nordeste também foi retomada e
concluída. Os times brasileiros ainda devem retornar, em breve, para a disputa
da Copa Libertadores da América nos
próximos dias. Os resultados são óbvios. Após a retomada do campeonato
alagoano, 18 atletas e um árbitro da final testaram positivo. Na retomada das
quatro séries do campeonato brasileiro, 116 atletas já testaram positivo. A
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem testado os atletas a cada rodada,
porém quanto menos lucrativa a divisão, maiores os problemas. Somente na série
D, são 68 times de todos os estados, do norte ao sul do país, envolvidos em traslados,
hospedagem e partidas. Além disso, os protocolos e a estrutura da CBF falharam
imediatamente na primeira rodada, quando a partida entre São Paulo e Goiás
precisou ser cancelada quando nove atletas do time goiano testaram positivo. E
como ficam os demais trabalhadores que não são atletas ou da comissão técnica?
Aqueles que trabalham na limpeza,
na estrutura, na comunicação, os gandulas, etc., em todo funcionamento do
estádio mesmo sem torcidas? O calendário do futebol exerce uma perigosa
função de desdobrar esta falsa normalidade para todas as
dimensões da vida. Afinal, se acabaram as reprises dos jogos
antigos na TV, se os cavalinhos do “Fantástico” voltaram a fazer piadas no fim
da noite de domingo e os problemas dos nossos técnicos e jogadores estão
exatamente como deixamos há meses atrás, podemos voltar para as segundas-feiras
comuns. Neste caso, mais do que o calendário do futebol internacional,
impulsionado por uma Europa mais bem sucedida em executar o isolamento, ou pelo
pagamento da cota de televisão, o retorno do futebol foi pressionado justamente
pela necessidade do governo federal em derrubar isolamento social e forçar um
retorno às atividades econômicas. Neste caso, o Flamengo teve
papel determinante. Maior torcida do país, atual campeão brasileiro e da
Libertadores, o time pressionou para o retorno do campeonato carioca em julho.
Na ocasião, Fluminense e Botafogo tentaram
impedir a volta e foram ameaçados pela própria Federação carioca com um
processo de R$ 100 mil por danos morais e indenização por danos
materiais, em valores a serem levantados e exigindo retratação pública,
passível de multa de R$ 1 milhão. Não à toa, o presidente do Flamengo, Rodolfo
Landim, celebrou a volta do futebol como “um exemplo para outras atividades”. Curiosamente,
dias antes do retorno do campeonato, o governo assinou a Medida Provisória 984,
apelidada de “MP do Flamengo”, que altera a regra dos direitos de transmissão
no futebol brasileiro. A MP beneficia as negociações do Flamengo com operadoras
de streaming para as transmissões de suas partidas,
atingindo principalmente a TV Globo, crítica
de Bolsonaro. O presidente flamenguista esteve com Bolsonaro no dia da
assinatura da Medida e a equipe presidencial cogitou a possibilidade de que
Landim participasse das nefastas lives de quinta-feira do ex-capitão.
Entretanto, a ganância dos dirigentes pode ter também prejuízos econômicos a
curto prazo. As cotas de televisão são parte essencial do caixa dos clubes, mas
não são as únicas fontes de receitas. Em especial, o desastre da inserção
brasileira nos megaeventos esportivos internacionais estabeleceu a lógica da
arenização dos estádios, impondo estruturas que necessitam de outras atividades
para viabilizar seu funcionamento. Sem torcedores, não há movimentação
comercial nas lojas que fazem partes destes complexos, nem arrecadação que
viabilize economicamente estas estruturas. O Allianz Parque, por exemplo,
preteriu uma partida do Palmeiras para realizar um evento no formato drive-in,
além de ter demitido inúmeros funcionários durante o período de isolamento. Em
todo o mundo, as relações entre o esporte e a política fazem parte do cotidiano
desde que as massas passaram a participar de ambos. No caso brasileiro, de
Getúlio Vargas em diante, não há presidente que não tenha interagido de alguma
maneira com o futebol e procurado legitimar seu governo por meio do esporte ou
associá-lo às conquistas esportivas. O problema está em utilizar o esporte,
comumente associado à saúde e ao corpo, com um projeto de estímulo ao
adoecimento e à morte. Se municípios em Santa Catarina e em Minas Gerais,
se sentem à vontade para liberar a realização as partidas entre amigos, as
“peladas”, é porque de fato o futebol se tornou exemplo para as demais
atividades. Porém, além das arquibancadas, milhares de famílias terão de
conviver com outros espaços vazios em suas vidas.
Atividade
A partir da leitura
do artigo responda: quais os principais problemas trazidos pela retomada do
futebol em relação à ausência de público e à questão da pandemia?
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