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quinta-feira, 25 de junho de 2020

Plano de aula não presencial
EE Rodrigues Alves
Professor: Cláudio
Disciplina: Eletiva – Geografia do Futebol
Classes:6º B
Data: 29 de junho a 03 de julho
Objetivo da aula: Compreender as possibilidades de inclusão social através da prática do futebol
Habilidade da aula: Fazer com que os alunos, principalmente aqueles que estão ingressando na carreira futebolística, consigam compreender essa prática esportiva como um projeto de vida que deve ser construído de forma coerente sem deixar de lado a prática dos estudos.

Conteúdo da aula: Sonho de muitos, chance para muito poucos (Artigo – Revista Veja)

Roteiro da atividade:
Produza um pequeno texto demonstrando as dificuldades enfrentadas por quem está ingressando na carreira do futebol.
Informações adicionais sobre a elaboração e entrega das atividades:
Vídeos complementares na página do facebook Virtua professor Claudio - @claudioteacher

Data da entrega: 06 de julho
E mail onde o aluno deverá entregar a atividade:
claudiogoncalves@professor.educacao.sp.gov.br


 

Sonho de muitos, chance para muito poucos

No país do futebol, meninos e suas famílias fazem todo tipo de sacrifício pela oportunidade de se tornar um craque

Pouco depois das oito da manhã, em um resort de luxo em Angra dos Reis, um grupo de 92 garotos com idades entre 8 e 13 anos se prepara para viver mais um dia de sua semana de craques do futebol internacional. São meninos de classe média que, por 2 000 reais cada, participam do Milan Camp Junior, colônia de férias de julho que o clube italiano leva a 42 países e atrai pais e filhos que sonham com os dribles de Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Cristiano Ronaldo e ídolos da bola. Os jovens amantes do esporte têm amostras de preparação física, orientação de técnicos europeus, treinos e jogos em um gramado – construído sobre um campo de golfe – de fazer inveja a muitos estádios de nível profissional.  Na mesma semana, às 13h de uma sexta-feira, no esburacado campo de terra da sede náutica do São Cristóvão, na Ilha do Governador, 50 garotos alimentavam o mesmo sonho.  Sob o sol forte, o ‘rachão’ organizado pelo técnico Madeira era, para garotos como Gabriel Ribeiro, a oportunidade de trilhar, nas divisões de base do futebol carioca, um caminho para a vida de fama, dinheiro e sucesso dos ídolos do esporte nacional.  Tímido e de poucas palavras, ele não titubeia ao falar da motivação para seguir a carreira de atleta. “Quero jogar e ser famoso”, almeja.

Até hoje Gabriel nunca precisou pagar uma escolinha e passou quatro anos e meio jogando no Fluminense, a convite do clube.

O franzino jogador de 14 anos aparenta ter ainda menos idade, mas a semelhança física dele com o santista Neymar – o craque do momento – desperta curiosidade.  Dentro das quatro linhas, o meia Gabriel honra o nome do ídolo e rouba a cena. A atuação de gala rende a ele e outros dois meninos o aval do olheiro Renato Campos. “Esses, nós vamos federar”, aponta, com satisfação, usando o jargão futebolístico para definir a inscrição de um jogador numa federação.

As “peneiras”, como são chamadas as seleções de garotos para ingressar nos clubes, não têm este nome à toa: entram em campo algumas centenas de garotos para que um desperte interesse dos treinadores e olheiros. Nas peneiras organizadas pelo Flamengo em suas escolinhas, em 90 pontos pelo Brasil, passam perto de 800 meninos por ano, para que quatro sejam selecionados para testes. 

Com sorte e treinos diários, chega-se às divisões de base. E, de lá, só cerca de 10% vão conseguir vaga no futebol profissional.

Flamengo e Corinthians, os maiores clubes brasileiros, são também os líderes em número de escolinhas: são 57 do Flamengo, em sistema de franquia, e 52 do Corinthians, que mantém escolas próprias.

As escolinhas são para quem quiser pagar e jogar. Mas olheiros e empresários aproveitam, entre as levas que se apresentam voluntariamente, para garimpar e fazer dinheiro com adolescentes com fome de bola e disposição para enfrentar, desde o início da vida, a rotina de treinos e a disputa por espaço.

“Como papel em branco” – Treinador das divisões de base do Milan, Massimiliano Quatti, que comanda a colônia de férias em Angra, está acostumado a trabalhar com jovens talentos da bola.

Como explica Quatti, a partir deste ano os Milan Camp passam a selecionar garotos que se destaquem para entrar de verdade nas fileiras do clube. 

O que dá esperança ao colombiano Juan Sesbatian Amaya, 15 anos, que está fora da faixa etária da colônia mas insistiu tanto que acabou sendo aceito. Morador da Barra da Tijuca, bairro abastado da Zona Oeste do Rio, ele treinou por dois meses no CFZ, time de Zico e teve que parar porque quebrou o braço. Juan, que nunca participou de uma peneira para valer, retoma os treinamentos e sonha alto. 

“Quero jogar num clube grande”, avisa o garoto, que fala três idiomas e já está acostumado a se mudar de país por conta da profissão da mãe, ligada ao setor petrolífero.

“Criança é criança, seja no Brasil, na Itália ou Suíça. Gosto de trabalhar com elas porque aprendem muito mais rápido. São como um papel em branco”, acredita Quatti.

No Brasil, sede da próxima Copa do Mundo, onde partidas do mundial são como feriados nacionais, a ‘folha em branco’ é o problema para os jovens, que, se quiserem ter alguma chance no esporte, têm pouco ou nenhum tempo para a escola ou qualquer formação diferente das lições de drible, passe, marcação e todo tipo de forja para ser herói do gramado.

O ator Vinícius de Oliveira, que ficou conhecido em todo o Brasil como o menino Josué, em ‘Central do Brasil’, de Walter Salles, mergulhou no mundo das peneiras do futebol e dos treinos desses meninos por quatro anos, num laboratório para o seu personagem no filme Linha de Passe, também de Salles.

“Tinha pouca gente que estudava. Os caras treinavam em dois turnos, faziam treinos pesadíssimos”, conta.

A briga por uma vaga – A competitividade, mesmo antes das divisões de base, é para valer. “Eles chegam na peneira querendo mostrar o futebol de qualquer jeito.  Pegam a bola e saem jogando sozinhos. Sem falar que a receptividade dos que já estão lá não é muito boa.

Afinal, eles têm medo de perder a vaga pra alguém que está chegando”, lembra.

Se o sonho dos garotos é chegar a um clube, o eldorado dos empresários é descobrir alguém para formar, valorizar o passe e lucrar no futebol profissional.  Não é à toa que boa parte dos jovens tem na torcida, além dos pais, agenciadores.  Para ver o pequeno craque brilhar, vale tudo.  “Já peguei no meu clube gente que oferecia dinheiro ao técnico para escalar o jogador dele. Não estou falando de ouvir, mas do que vivenciei. Já orientei pais e famílias. Mas muitos garotos de 15, 16 anos não têm os pais por perto, e sim gerentes”, afirma Zico, eterno camisa 10 do Flamengo e atualmente diretor-executivo de futebol do clube.

Atividade

Produza um pequeno texto demonstrando as dificuldades enfrentadas por quem está ingressando na carreira do futebol.


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