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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Profª Márcia - Português - 9ºs A,B,C,D

 Olá alunos,

Espero que estejam todos bem, estamos iniciando o 3º bimestre, vou postar o planejamento das ações iniciais que faremos para o mês de agosto.

Lembrando que  só os alunos que estão no ensino remoto é que devem fazer as atividades que serão postadas no blog.


Orientações para as atividades a serem realizadas:

- Assistir às aulas do Centro de Mídias,

- Fazer as tarefas dadas pelos professores do Centro de Mídias,

- Fazer as atividades postadas no blog,

- Cumprir os prazos de entrega.

Todos estes itens serão considerados para a avaliação. 

Qualquer dúvida entrem em contato.

Plano de aula não presencial E.E.Rodrigues Alves

Professor: Márcia Ito

 

Disciplina: Língua Portuguesa

Classes: 9 A,B,C,D

Data: 11/08/2021

 

Objetivo da aula:
Leitura e interpretação do texto “ A moça tecelã” – autor Marina Colassanti

 

Habilidade da aula:EF08LP04B- Identificar aspectos linguísticos e gramaticais (ortografia, regências etc.) em funcionamento dentro de um texto.

Conteúdo da aula:

Compreensão do tema central do texto.

 

Roteiro da atividade:

Leitura compartilhada e exercícios de interpretação.

 

Informações adicionais sobre a elaboração e entrega das atividades:

 As atividades devem ser entregues só por e-mail.


Data da entrega: até 23/08/2021

 

E mail onde o aluno deverá entregar a atividade:

portuguesra@gmail.com


A MOÇA TECELÃ

      "Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite.  E logo sentava-se ao tear.


          Linha clara, para começar o dia.  Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

          Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

          Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo.  Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido.  Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

          Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

          Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

          Nada lhe faltava.  Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas.  E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido.  Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete.  E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.

          Tecer era tudo o que fazia.  Tecer era tudo o que queria fazer.

          Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

          Não esperou o dia seguinte.  Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado.  Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

          Nem precisou abrir.  O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

          Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

          E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu.  Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

          — Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher.  E parecia justo, agora que eram dois.  Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

          Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
     — Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou.  Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

          Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia.  Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

          Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
          — É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

          Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados.  Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

          E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros.  E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

         Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

          Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins.  Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. 

          A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar.  Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas.  Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

          Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara.  E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte."

Colassanti, Marina, Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento. Global Editora - Rio de Janeiro, 2000

A moça tecelã.INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
01. Como vivia a moça tecelã descrita no texto?
02. Ao tecer, a moça interferia somente na natureza? Justifique sua resposta.03. Em um determinado ponto do conto a moça tecelã se sentiu sozinha, você acredita que todo ser humano necessita de companhia para ser feliz? Justifique sua resposta.04. Se você possuísse um tear mágico como a moça do texto, o que você faria? Por quê?05. Na frase “ ... lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte”, o verbo desenhar equivale a:
a) delinear
b) descrever
c) apresentar
06. Qual era a fantástica habilidade da moça tecelã?07. Com o tempo, como se revelou o caráter do marido?

08. Das ideias abaixo, qual é coerente com o texto?
a) É impossível ser feliz sozinho.
b) A riqueza é fundamental para a felicidade.
c) As mulheres devem obedecer seus maridos.
d) Cada pessoa precisa lutar pela própria felicidade.
e) A verdadeira felicidade deve ser compartilhada.
09. Comente sobre a frase: Cada pessoa precisa lutar pela própria felicidade.

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