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terça-feira, 16 de junho de 2020

ATIVIDADE DE PORTUGUÊS - PROF AILTON - 2M A,B e C 15 a 19 de junho

Plano de aula não presencial
EE Rodrigues Alves
Professor: Ailton Carlos Santos
Disciplina: Língua Portuguesa
Classes: 2º M A,B e C
Data: 15 a 19 de junho
Objetivo da aula: Aprofundar os conhecimentos sobre o gênero argumentativo artigo de opinião valorizando as relações entre esse gênero e o mundo do trabalho
Habilidade da aula: Reconhecer diferentes elementos que estruturam o texto argumentativo
Conteúdo da aula: Artigo de opinião – vozes no artigo
Roteiro da atividade:

Assistir as aulas propostas no Centro de Mídias (app e TV)
Leitura da explicação: “As várias vozes que circulam no artigo de opinião”
Leitura do artigo de opinião “O que deixar para nossas crianças”.
Responder as questões relacionadas ao texto.




Informações adicionais sobre a elaboração e entrega das atividades:
Você pode copiar a atividade no caderno, responder, tirar uma foto e enviar por email ou
Você pode responder no arquivo word e enviar para o email.
Não esqueça de identificar a atividade com nome completo, número e termo
Data da entrega: até 26 de junho de 2020
E mail onde o aluno deverá entregar a atividade:
proailtonsantos@hotmail.com



As várias vozes que circulam no artigo de opinião

Geralmente, um texto escrito traz outras “vozes” que não as do autor, mas que “falam” pelo autor, pelo fato de que a comunicação humana é marcada pelo dialogismo. O autor de um texto “conversa” com outras pessoas que pensam de formas diferentes da sua, através de outras leituras que ele faz. Quem lê um  remetem a outros textos. Geralmente, as leituras que fazemos são constituídas pelo resultado de muitas outras leituras, o que nos dá condições de fazer esse diálogo entre os textos lidos anteriormente e os que estamos lendo.
Esse conhecimento anterior nos prepara para concordar ou discordar, totalmente ou em parte das ideias do autor, orienta-nos para perceber aspectos que não estão sendo considerados pelo autor do texto e pensar numa possível razão pela qual ele faz isso. Essa leitura crítica faz com que não sejamos manipulados e não aceitemos de pronto qualquer informação ou ideia, podendo exercer nossa liberdade de opinião.

Leia o artigo de Lya Luft procurando perceber o diálogo que se realiza entre o texto e você, leitor, entre o texto e outros textos.

Artigo - Lya Luft
O que deixar para nossas crianças

Aos que detestam datas marcadas, porque as consideram exploração comercial, digo que concordo em parte; explora-se a nossa burrice existencial básica, que se submete aos modismos, às propagandas, ao consumismo desvairado. Pais que se endividam para comprar brinquedos e objetos caros e supérfluos para crianças que poderiam fazer coisa bem mais interessante, como jogar bola, pular corda, ler um livro, armar um quebra-cabeça, praticar esporte. Isso acontece na
Páscoa, no Dia das Crianças, no Natal, em cada aniversário. Nesse aspecto, acho que os dias marcados para celebrar coisas positivas se tornam – para os tolos e frívolos, os desavisados – coisa negativa, fonte de tormento e preocupação. Mas, visto sob outro prisma, não acho ruim existirem datas em que a gente é levada a lembrar, a demonstrar o afeto que se dilui no cotidiano, a fazer algum gesto carinhoso a mais. A prestar uma homenagem: refiro-me agora à data vizinha do Dia das Crianças, o Dia do Professor, celebrado na semana passada. Ofício tão desprestigiado, por mal pago, pouco respeitado e mal amado, que milhares e milhares de jovens escolhem outra carreira. E não me falem de sacerdócio: o professor, ou a professora, precisa comer e dar de comer, morar e pagar moradia, transportar-se e pagar transporte, comprar remédio, respirar, viver. Além disso, deveria poder estudar, ler, comprar livros, aperfeiçoar-se e descansar para enfrentar o dia-a-dia de uma profissão muito desgastante.
Então, reunindo a ideia das duas datas, crianças e mestres, reflito um pouco sobre o que me sugeriu dias atrás um amigo:
__ Escreva sobre que mundo estamos deixando para nossas crianças, pois vai nascer minha primeira neta, e essa questão se tornou presente em minha vida.
Pois é. Criança tem entre muitos  esse dom de nos dar um belo susto existencial: abala as estruturas da nossa conformidade, nos torna alerta, nos deixa ansiosos. O que estou fazendo por ela, o que posso fazer por ela, quem devo ser ou me tornar para representar um bem para esse neto ou neta, filho ou filha, aluno ou aluna?
Se forem as crianças de minha casa, a questão se torna crucial, e o amor é a dádiva primeira. E aí entram também os casais, tema por vezes espinhoso. Temos em casa um clima fundamentalmente bom e harmonioso, apesar das naturais diferenças e dificuldades? Por baixo do cotidiano de aparente rotina corre um rio de afeto ou grassam discórdia e rancores? Como apresentar ao imaginário infantil a figura do nosso parceiro ou parceira? Lembro aqui a atitude infeliz de tantas mulheres: desabafar diante dos filhos, pequenos ou adultos, sua raiva e insatisfação. Pior; usar os filhos para manipular emocionalmente o parceiro, usando-os para promover a própria vitimização e tornar quase um monstro o pai deles.
Vão mais uma vez dizer que privilegio os homens, mas essa postura, vingativa, cruel e mesquinha, é muito mais frequente nas mulheres, sobretudo nas separadas. Não somos todas umas santas, não somos boazinhas. A mãe-vítima e a santa esposa me assustam: hão de cobrar, com altos juros, todo esse sacrifício.
Enfim: que legado deixamos para as crianças? Primeiro, vem o legado pessoal: quem somos, quem podemos ser, quem poderíamos nos tornar, para que elas tenham um mínimo de confiança, um mínimo de amor por si próprias, um mínimo de otimismo para poder enfrentar a dura vida. Depois, podemos olhar para fora e imaginar um mundo, pelo menos um país, onde elas não tenham de presenciar espetáculos degradantes de corrupção, melancólicos jogos de interesse ou de poder. Onde os líderes sejam honrados, onde seus pais não se desesperem nem descreiam de tudo. Onde todos tenham escolas sólidas com professores bem pagos e bem preparados. Onde, em precisando, elas disponham de hospitais excelentes e médicos em abundância, de higiene em sua casa, comida em sua mesa, horizonte em sua vida. E que as crianças possam ter a seu lado, mais que um anjo da guarda, a Senhora Esperança: ela será a melhor companheira e o mais precioso legado.

LYA LUFT é escritora.
Texto retirado da revista Veja de 24/10/2007.

Questões

1. Com quem a autora estabelece um “diálogo” no primeiro parágrafo do texto?
2. Há uma perspectiva de concordância ou discordância nessa “conversa”?
3. Ainda no primeiro parágrafo, pode-se perceber uma contradição nas ações das pessoas que dizem detestar datas marcadas. Que ideias estão se opondo, nesse caso?

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